Villa Plié

Plié é um termo francês que significa dobrar. É também um dos movimentos mais reconhecíveis e fundamentais do ballet. É o movimento em que o dançarino dobra os seus joelhos e estica-os de seguida, criando o momentum para o salto ou para o aterrar, é essencial em qualquer bom salto ou pirueta e é o ponto de partida de qualquer viragem, dando força e flexibilidade a todo o corpo. A Villa Plíe é sobretudo isto, flexibilidade, força e leveza num corpo uno.

Localizada a menos de um quilómetro do mar, num estreito loteamento em Cascais a Villa Plié abre-se e expande-se para o exterior contrariando-o.
O seu programa é dividido com clareza em dois pisos. O térreo com área social num contínuo espacial (cozinha e sala), e o primeiro andar com área privada (dois quartos). A laje de piso da casa expande-se em consola para o exterior como os braço abertos de um bailarino. De um lado, abriga os carros à chegada, do outro, uma zona de estar coberta prolonga a cozinha para o exterior. Junto à rua, a mesma laje balança-se um pouco para o exterior na fachada poente, expandido a casa. No outro sentido, sobrevoa a cozinha e pára no início da sala, abrindo-a ao pé direito duplo. Aí, num momento cénico, a luz vem de cima e do enorme vão a toda a largura da casa que a abre para o jardim no interior do lote. O piso superior é aberto às copas das árvores em todo o seu perímetro, como se de uma visão de pirueta se tratasse. A cobertura – solta do resto da construção – apoia-se em quatro pontos e dobra-se em direcção ao jardim criando pelo caminho, um generoso alpendre que expande a sala para o exterior. A casa em betão armado por inerência espacial/estrutural vive de uma relação muito íntima com exterior agradando-nos a ideia de talvez, em certos momentos, não sabermos se estamos no interior ou no exterior.

Na rua, quem passa vê três horizontais planos no ar, milagrosamente a pairar, contrariando as leis que nos mantêm na terra.